Embriagado de horizontes e de seus poentes
Recolhi teus olhares que espalhei pelos ares
E que escondi feito tesouro no cume das árvores
E teus olhares perderam-se dos meus nos ventos
Que quando sopra carrega-me a vontade de ver
E foi o vento que carregou a beleza desse olhar
Para bem distante e ainda muito mais além
Onde deixamos morrer nossos sonhos de céus
E nossos deleites feitos desses azuis tão suaves

Inebriado de horizontes e de suas nascentes
Fui o rio que não sabe mais para onde correr
E essas águas revoltas que não voltam nunca
Porque correm tão esquecidas das vertentes
Procurando um mar imenso onde pode morrer
E movido pela força de todos os esquecimentos
Arrastei na fúria insana de ir minhas ribanceiras
Como quem apaga seus rastros de água no chão
Como quem deságua num mar de não mais ser

Que mais para uma tarde assim sem horizonte?
Que mais para um sol que não sabe mais nascer?
Que mais para um rio que esqueceu de sua fonte?
Que mais que devorar o próprio leito e perder o mar?
Que mais para o olhar que esquece os horizontes?
Desesperado da angústia de perder os horizontes
Desabitado daqueles olhares de perder paisagens
Pleno de todas as distâncias que aqui terminam
Sou só este rio esquecido que perde o mar...


(Poesia On Line, em 08/09/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 08/09/2010
Reeditado em 02/08/2021
Código do texto: T2486480
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