ABSTRAÇÕES

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Olhei o mato outra vez,

e agora ele tinha cheiro, cor,

e até sentimento!...

Uma fruta doce como mel

e outra amarga como fel

serviram-me de alimento.

Quem abaixou os braços

das pessoas que não se abraçam mais?...

Penso em escadarias.

Quão baixas seriam as alturas,

se tivéssemos asas!...

Degrau por degrau...

Isso também não é mau.

É possível subir!

Os que vieram depois,

não mais encontraram as dificuldades

enfrentadas pelos que amolaram as primeiras facas,

e fabricaram as primeiras fardas!...

Queria ver de perto o rei do hunos e os hunos,

para saber se eram bárbaros, se eram belos!...

Tenho um fraco por beleza.

Não me espera o tempo,

que se derrama na ampulheta...

Ou se despede na cadência dos relógios!...

Numa relação de abstrato “versus” concreto,

o tempo soterra mais do que a montanha!...

Quem vê um enterro,

cheio de choros e flores,

poderá constatar depois

a quietude...

Despedida é uma hora só.

Os cemitérios são cenários de despedidas,

e nada é pior.

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 24/09/2006
Código do texto: T248533