Os pés e a pipa

Silenciados são os pés de quem perdeu o foco,

Estagnou-se.

Paralisou-se, podendo ainda andar.

Sem trilhar caminhos,

Os passos do viajante

Percorrem uma rua no anonimato

Pois desencorajados, não sonham mais

E sempre com medo de alçar novos vôos, atrofiaram-se.

Quem tem medo de lutar

Jamais saboreará uma conquista.

Galgando no dissabor da glória

Deixa passar em branco uma linda história

Que um dia, ainda menino, pode estrelar.

E lá no alto uma pipa voa,

Dança, rodopia...

E quando está prestes a cair

Sente a firmeza da linha

E se empina, embeleza, eleva-se

E os olhos do menino de pés descalços

Saltam no fantástico mundo da admiração,

Ilusão, contentamento.

E seus passos correm em direção ao vento

Quando, após fazer arte,

A pipa cai no solo e provoca euforia

Nos meninos daquela periferia

Que não anularam o prazer de voar com os pés

E desenfreados, correm em direção daquela pipa

Que, quando alcançada por uma mão pequenina

Sente o aconchego e o tremor no palpitar do coração

Que celebra a vitória e planta um sonho

Em cada brincadeira,

Na preservação da inocência,

Na força ainda ingênua,

Na fita rompida pela imaginação

Que marcara para sempre a sua história

Cujo retrato a consumou.

limgod
Enviado por limgod em 08/09/2010
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