A Propaganda
Melodias que me induzem
Nesta sorumbática propaganda.
De um deus defunto,
De todo tempo, da última demanda.
Que mundo é esse que vivemos?
A enlevar a imagem decrépita
Da entidade infante
Como sábia e intrépida?
Auscultadores de Cronos Teófago
Que vêem antes e depois:
Denunciais os desmandos
Deste ser hodierno e atroz...
Que Coisa é esta que priva o viver:
A negar o sangue, as fezes e o beber?
Esta entidade amorfa e intangível
Pode ser tão penetrante e infalível?
Mas agora que vejo
Resisto à mesmérica dança
Sem sedução, sem ensejo
Torno-a vacilante, mansa...
Eis que sua figura contemplo
Uma massa de corpos e mentes
E como se não bastasse esta gente
Há dinheiro de rico, de pobre, de templo...
Antes fosse Satã do tempo antigo!
Não há como depor este mito ,
Sem hora nem forma surge o inimigo
Fico, Guardo o alquímico antídoto e fito.
Então, com “Deus ex machina” revelado,
Todo ardor de meu escrito
E tudo o que ainda podia ser dito
Agora considero calado.