Sombras de mim
Não quero tuas promessas
Sejam mentiras ou verdades,
Nem sequer a sombra tua
Nem teu paraíso colorido
Quero só a dádiva de não ser,
Dá-me as noites nebulosas
Para poder andar sem rumo
Sem querer pedir demais
Arranque todos os sentimentos
Não quero ser luz nem trevas,
Nem sol, nem luz, nem estrelas
Quero somente o esquecimento,
Caminhar pelas tardes chuvosas
Sem ter em mim lembrança alguma
Vós que criaste o universo
E proclamastes o sopro da vida,
Pode me arrancar - lá agora mesmo,
Só não arranque de mim as rimas
Nem tire de mim a poesia,
Último prazer que me acompanha
Pois já pesa em meus ombros
A dura pena de estar vivo
E quando chegar minha hora
Se puder dá-me a honra
De ter um fim eterno...