Coração pagão
Do que me vale esta vida misera
Se ela só me é tristes desventuras
Ser milionário eu jamais quisera
Jamais pedi tamanhas amarguras
Tenho em mim um coração pagão
E também um espírito indomável
Ora sendo luz, ora sendo escuridão
Sou apenas um sopro implacável
Varrendo as ruas num sopro demente
E minha fé anda por planos distantes
Faz tempo que minha alma anda ausente
Pela escuridão de mundos atemorizantes
Já não a sossego no céu e nem na terra
Meus dias são como uma espada cravada
Na alma causando uma dor que dilacera
Minhas esperanças reduzindo-as a nada.
Arrasa e não acaba, fere e não mata,
Deixado para padecer neste mundo
Um poeta romântico virou um vira-lata
Que vive a falar de um amor já moribundo
Que resiste apenas no seu pensamento
Quisera ascender em si à luz da vida
Que se ofuscara em dor e sofrimento
Vai pelas ruas como uma sombra esquecida...