Canção dos exilados
Canção dos exilados
Minha terra ainda tem aquelas palmeiras onde canta o sabiá,
Mas cada vez existem menos sabias cantantes...
E mais urubus famintos...
mesmo que a carniça do povo seja cada vez mais abundante...
A beleza e fartura que existem neste mosso Brasil,
não servem para alimentar e dar felicidade ao seu povo,
mas sim para engordar cada vez mais a vida feia
de certos filhos nada gentis e pouco nobres.
Mas ainda assim,
as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá.
E é deste amor incondicional,
que temos por este Brasil cada vez menos poético,
Que se alimenta seu povo.
O povo que troca de lugar e passa a ser a mãe gentil deste berço esplendido,
porque só amor de mãe é incondicional.
Amamos, sem pudor algum, sem condição alguma,
Amamos...
Sem o menor senso de realidade...
Com tanta alegria na cara deste povo a cada carnaval...
Com tanta felicidade no rosto deste povo a cada cesta básica..
Com tanta disposição a cada drible...
Sentimos tanta dor a cada vergonha Brasil à fora...
Amamos com tanto orgulho em dia de jogo da Copa do Mundo...
Que não entendemos muito, que o Brasil é nosso,
a cada eleição...
Mas é nosso este Brasil imperfeito,
Este solo fértil sangrento...
Este Brasil de tantos "Brasis"...
De povo honesto e trabalhador.
Amamos, sim este Brasil e daí?
Do jeito que é, assim faltando tanta coisa...
É nossa esta terra ,
Que tem a nossa cara...
Nossa culpa...
Somos exilados em seu amor,
Pátria amada,
Brasil!
Augusta Melo
Rio de Janeiro
LDA: 9.610