ALMA LAVADA

ALMA LAVADA

O túnel não tem fim...

Pela frente, na escuridão

vejo a esperança evanuir-se da fé.

O peito está repleto

de um enorme vazio,

não sobra espaço para a vida.

Nem no Murilo encontro paz.

No coração que bate devagar,

o reflexo da desonestidade

a imagem da desumanidade.

Amigos não me consolam mais!

O Santo roubou a minha herança

pelas mãos de um Jesus Batista.

A justiça praticada

de modo nada polido.

Da suja partilha,

a parte a mim legada

entrego de mão beijada.

A Ira invadiu o meu jazigo

ao som de uma marcha fúnebre

no tom de um alaúde tocado

nas ausentes cordas vocais

pelos dedos de um bastardo.

Apoderaram-se das armas de meu pai,

mataram minha mãe.

banho-me no sangue derramado.

Abandonado pela força da luta

entrego as armas roubadas

entrego a alma lavada.