dentro do bolso
meu pai trabalha
pena que eu nao saiba
como ele é
todos amam a glória
eu também
meu ego é como
o estomago de um obeso
sempre inflado
sempre esperando mais
é como o cerébro de um viciado
quente e gelatinoso
esperando você voltar
minha loucura
cai com o relâmpago
queima a tomada
e eu fico sem energia
acendo a vela
e queimo a casa
sem perder o riso
ah como eu rio
nesses ultimos dias
pessoas futeis
parecem brinquedos
quebrados
sempre perseguindo
os defeitos
como um cão persegue o rabo
eu sou louco
e não a nenhuma loucura
nisso
meu pai trabalha
dia e noite
ele é um diabo pobre
um pobre diabo
eu não guardei
o seu rosto
o seu resto
migalha de chuva antiga
dentro do bolso