A CIDADE E A FORCA...

Eu sou uma cidade inteira

à beira do caos

que já não dorme

e não descança.

Sou a cidade desordenada

com suas artérias entupidas

do lôdo das marginais.

Eu sou a cidade!

Sou a dúvida, a dívida,

sou a cegueira no olhar.

O andar apressado

já não olho pro lado.

O terno, a gravata,

o sufoco, o enforcado.

Sou a fila, a buzina.

Sou o lixo, a latrina.

Sou a edificação sem pão,

sem teto e sem chão.

Sou o oco, o vazio,

sou o nada, sou o vão.

Eu sou a cidade

que me fascina, que me acolhe

e com garras de bicho,

me amedronta e me engole...