minha saudade

minha saudade

me chama

me acorda

reclama

diz que está se sentindo sozinha

abandonada

que gostava bem mais

daquela nossa outra vidinha

nós dois agarrados

grudados

presos um no outro

se escondendo pelos cantos

tristes a beça

caindo em prantos

de bar em bar

de promessa em promessa

acabando os fins de noite

sozinhos

nós dois ali

quietinhos

de madrugada

olhando pro mar

minha saudade

não aceita

por nada

me ver sorrindo

me ver alegre

num sorriso passageiro

numa alegria breve

está velha

cansada

não suporta me ver contente

com a pele boa

com a alma leve

diz que vai acabar indo embora

jura que vai ser pra sempre

é uma artista

chega perto de mim

assim

como quem não quer nada

se deita

se enrosca

chora

me beija

minha saudade é egoista

fingida

dissimulada

acha que ainda manda na minha vida

acha que ainda é dona

do meu nariz

não aguenta me ver feliz

por um segundo que seja

coitada!

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 04/09/2010
Reeditado em 04/09/2010
Código do texto: T2477667