PANO DE FUNDO

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Esse não era o plano...

Num campo plano,

o jogador que não ganhou torce a camisa suada...

Ele jogou pra ganhar!

Simulacro de lacre,

a voz da feiticeira ecoa no ambiente,

e cola um medo na gente,

e cala as vozes velozes da alegria!...

Em algum lugar, sobre palafitas,

ouve-se o Bolero de Ravel,

todos os dias, ao entardecer...

— “A música é grande, Mãe, e cobre todo o pôr-do-sol!”

Diz meu filho,

como se música fosse lençol...

Em quietude quase religiosa,

os homens ouvem Ravel

e espreitam a paisagem,

a passagem de mais um dia,

o sol entrando no mar...

Dizem que Natal é uma cidade linda!

E tão perto de Olinda!...

As dunas de Genipabu ...

A ave negra de cabeça pelada e colorida

é o urubu-rei em vôo redondo,

rondando a carne de sol...

Metálicos, os pássaros feitos pelos homens

comem distâncias....

Corre de mim o rio Grande...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 23/09/2006
Código do texto: T247610