O TEMPO

Havia um tempo em que eu tinha tempo

para não pensar em nada.

Um tempo em que não me preocupava

se tinha muito tempo para viver,

pois, eu tinha todo o tempo do mundo

para mim e para você.

Que bons tempos

em que ele corria atrás de mim

e me pedia assim,

faça valer a pena a minha existência

E o dominava em toda sua grandeza

A minha riqueza era a sua complacência.

Havia um tempo,

em que amar era pra vida toda

e não importava o quanto se tinha a perder,

pois, o tempo era você.

Se tivesse de esperar um dia ou um ano, tanto fazia,

Não era perda de tempo,

o tempo me fazia entender.

Havia um tempo

em que eu não precisava contar

as horas do dia para chegar a algum lugar,

Seguia. E sempre chegava lá.

Eu só precisava ir.

Durasse horas, durasse um dia,

Não me importava. Importava o agora

e o caminho a seguir.

Mas, o tempo é paciente.

Mais do que todos nós,

que somos tão de repente.

Nós crescemos e ele não.

Nos perdemos em nós mesmos,

mas, não do seu olhar.

Permitimos por nossas mãos escapar

e o aprisionamos, ingenuamente,

numa maquininha de registrar.

Grudado ao nosso pulso,

pôs-se o próprio tempo a nos dominar.

O tempo é paciente,

Mais do que todos nós

Que somos, assim, tão de repente.

Ele nos tem pago na mesma moeda.

E, também, nos aprisionado

em uma máquina de registrar.

E fica de dentro da sua, a todo o tempo,

a contemplar, nosso suplicio,

nosso avelhantar.

Pois, em sua máquina,

o tempo corre sempre para frente

e a cada dia lhe permite,

novamente, recomeçar.

Na nossa, corre sempre para trás

e vemos a vida passar,

sabendo que pouco tempo nos resta

para chegar a algum lugar.

Deve ser por isso que o homem

está sempre “correndo atrás”

de alguma coisa

que nunca consegue encontrar.

Talvez pudesse aceitar

que essa é uma batalha vencida

e não adianta relutar,

em algum momento de nossa vida,

ele vai nos alcançar.

Basta-o apenas um segundo,

ele pode nos mostrar,

que não é preciso tanto tempo,

para se recomeçar.

Não importa se vivemos mais ou menos.

Importa é que sempre teremos tempo;

de sorrir, de chorar, de cair e de levantar,

de sonhar, de amar, de correr ou caminhar

pelo caminho a seguir.

O problema é que sempre queremos mais

do que o tempo pode nos dar.