ETERNOS PANOS DE ESPERA....

Estou sempre a tecer

panos de espera.

Espero a primavera sempre pulsante,

espero o teu olhar por um instante,

espero a noite trazer quimera.

Teço panos espera

sempre a sonhar com o teu instante,

que se revela um cavalheiro errante,

chegando manso junto à primavera.

Tenho-te mergulhado em flores,

tecendo versos de assombrar amores.

Sobretudo, tenho-te preso por um fio.

A consolar-me em sonhos,

tecendo lágrimas ao ar seco e sombrio.

Vago qual vagalume

a ascender a noite

na escuridão do breu,

trazendo preso à memória

dias de incansável espera,

mergulhado em doce quimera

tendo como companheira a dor,

que de tão doída, morreu.