Tragédia Existencial
De início tudo era simples
Tudo era prático e palpável.
O mistério era lícito e
Inerente a mente inocente.
A pureza da possibilidade.
Pois puro e decente
São todos aqueles
Que não realizam os atos
Que não querem que realizem.
O rótulo é um poder
De manipulação profunda e voraz
Que soterra as vontades
Pelo medo do julgamento e da interpretação.
A realidade já se amplificou
E a complexidade bifurca a estrada
Em diversas possibilidades
Infames e traiçoeiras.
Os mistérios se desnudam
Em conceitos teóricos e empíricos
E explicações físicas e emocionais.
Tudo se justifica.
E múltiplas justificativas
Borbulham implacáveis.
Os temos medo e coragem
Vendamos e ampliamos com lentes
[os olhares
E tudo se torna plano
De forma abstrata e inane.
E nos buscamos sentido
Para tudo ao nosso redor.
Mentes desvirtuadas
A mercê do destino
Em busca da inocência e da ignorância
Que perdemos no fim do início.
Memórias mortas nos esfaqueiam.
Possibilidades nos amedrontam.
Pensamentos nos pungem.
A emoção escorre pelos poros.
Questionamos nossos desejos
E nos colocamos em um tribunal peculiar
No qual integramos a função
De promotor, defensor, juiz e réu.
E, por fim
Aquilo que mais desejamos
É aquilo que nos é abstrato, intangível, inatingível...
Pois a realidade se desfaz
E tudo se torna cinzas.
A vida e a existência
São ambas tragédias