Tragédia Existencial

De início tudo era simples

Tudo era prático e palpável.

O mistério era lícito e

Inerente a mente inocente.

A pureza da possibilidade.

Pois puro e decente

São todos aqueles

Que não realizam os atos

Que não querem que realizem.

O rótulo é um poder

De manipulação profunda e voraz

Que soterra as vontades

Pelo medo do julgamento e da interpretação.

A realidade já se amplificou

E a complexidade bifurca a estrada

Em diversas possibilidades

Infames e traiçoeiras.

Os mistérios se desnudam

Em conceitos teóricos e empíricos

E explicações físicas e emocionais.

Tudo se justifica.

E múltiplas justificativas

Borbulham implacáveis.

Os temos medo e coragem

Vendamos e ampliamos com lentes

[os olhares

E tudo se torna plano

De forma abstrata e inane.

E nos buscamos sentido

Para tudo ao nosso redor.

Mentes desvirtuadas

A mercê do destino

Em busca da inocência e da ignorância

Que perdemos no fim do início.

Memórias mortas nos esfaqueiam.

Possibilidades nos amedrontam.

Pensamentos nos pungem.

A emoção escorre pelos poros.

Questionamos nossos desejos

E nos colocamos em um tribunal peculiar

No qual integramos a função

De promotor, defensor, juiz e réu.

E, por fim

Aquilo que mais desejamos

É aquilo que nos é abstrato, intangível, inatingível...

Pois a realidade se desfaz

E tudo se torna cinzas.

A vida e a existência

São ambas tragédias

Ironic
Enviado por Ironic em 02/09/2010
Código do texto: T2473506
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