ARQUEOLOGIA

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Passou muito tempo,

mil ventos varreram o mundo,

a poeira mudou de lugar,

sedimentou-se,

ficou prensada demais!...

Tremores de terra sacudiram as colunas de mármore,

muitas se partiram,

tombaram...

Escavações nunca poderão resgatar o abstrato,

a essência, a inocência,

os passos dos passantes,

os abraços e beijos dos amantes,

os juramentos,

as infidelidades,

os votos de felicidades e de não-traição,

as preces e os lamentos em grego antigo, nos templos...

Os passeios de Platão...

Árvores pequenas arredondam-se nas plantações perto de Atenas...

São as oliveiras...

Flores e folhas de acanto,

turistas do mundo inteiro,

filmagens, fotos...

Plaka, Sintagma, Acrópole, Cariátides,

Areópago, Ágora, templo de Zeus...

Hotel Zafólia e a folia das compras...

Olhinho grego contra mau-olhado,

para levar de lembrança...

Reverentes, nós dois pisamos onde Aristóteles pisou,

rezamos onde São Paulo rezou!...

Sobre as pegadas apagadas de gente do povo,

de antigos políticos eminentes, de filósofos e santos,

nossos passos anônimos para os próximos dois mil anos...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 23/09/2006
Código do texto: T247331