A ANCIÃ

Eu sou a Anciã.

Mãe de todos. Mãe do mundo.

Tenho longos braços que acolhem

todos os que a mim vêm.

Filhos sofridos, ansiosos, feridos,

sangrando pelos olhos

as dores de uma alma turva-

de quem errou o caminho

e tropeçou nos próprios passos,

de quem despetalou as rosas

e se apunhalou com os espinhos,

de quem já não se cabe

nem mesmo no próprio abraço

por causa dos pecados de uma vida malsã.

Oh, Filhos amados!

Pobres trastes auto-aviltados

que andam sorridentes, fingindo-se de felizes

mas com os olhos esbugalhados-insanos

por não saberem nunca quem são!

Oh, Filhos desgraçados, mortos-vivos por seus pecados!

Descansem a cabeça no meu colo

e deixem que meu amor os cure,

enquanto dormem o sono do perdão

e reaprendem a sonhar,

pois minha voz, eco da eternidade,

entoa docemente

antigas canções de ninar.

A ANCIÃ
Enviado por A ANCIÃ em 01/09/2010
Código do texto: T2473273
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