A ANCIÃ
Eu sou a Anciã.
Mãe de todos. Mãe do mundo.
Tenho longos braços que acolhem
todos os que a mim vêm.
Filhos sofridos, ansiosos, feridos,
sangrando pelos olhos
as dores de uma alma turva-
de quem errou o caminho
e tropeçou nos próprios passos,
de quem despetalou as rosas
e se apunhalou com os espinhos,
de quem já não se cabe
nem mesmo no próprio abraço
por causa dos pecados de uma vida malsã.
Oh, Filhos amados!
Pobres trastes auto-aviltados
que andam sorridentes, fingindo-se de felizes
mas com os olhos esbugalhados-insanos
por não saberem nunca quem são!
Oh, Filhos desgraçados, mortos-vivos por seus pecados!
Descansem a cabeça no meu colo
e deixem que meu amor os cure,
enquanto dormem o sono do perdão
e reaprendem a sonhar,
pois minha voz, eco da eternidade,
entoa docemente
antigas canções de ninar.