TORMENTA
E a tarde se faz de chumbo.
O sol se põe na sombra escura,
a angústia mormacenta
empoeira e esquenta,
varre as folhas com preguiça.
Um corisco rabisca o céu
troa o trovão, faz escarcéu,
a nuvem enlutada e grávida
desenliça e molha o chão.
Eis a tempestade que fissura,
denigre o ser e a alma atraiçoa.
No negrume da borrasca,
perdido, o amor se arrasta...
Sem entidade, só uma figura
encharcada no fel do ciúme.
Lina Meirelles
Rio, 01.09.10