VITAL LAMPEJO

Morrem entre os meus dedos
Murmúrios que os lábios entravam
Num áspero grito sem eco.

Morrem em minh’alma os segredos
E o peito em que tuas mãos pousavam
Suspira e lateja num vital lampejo
À derradeira hora: teco-tum, tum-teco...



ESPELHO

Lívida, a leve luz vislumbra
a minha face no espelho em penumbra.

Leve é o vento. Que meu eco pensamento leve
longe o sonho infindo desta vida breve
além da luz o breve instante madrugado.

Só o espelho me olha e me desnuda
quando, presa, minh’alma fica muda
com lábios abertos. E o meu olhar fala calado.




P.S. Alguém  enviou-me um e-mail observando-me sobre a "impropriedade temporal do  verbo entrar", no segundo verso do primeiro poema. Certamente acataria a correção  com absoluta naturalidade.  Mas, já prevendo que outros podem igualmente  confundir-se, lhes digo:
trata-se do verbo entravar (impedir, obstruir, embaraçar... ) no presente do indicativo, 3ª pessoa do plural.

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 01/09/2010
Reeditado em 04/09/2010
Código do texto: T2471848
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