[há indícios vestígios]
há indícios vestígios
sobre o olhar que repousa na distância
de uma sílaba em busca da voz
que em canto a erguerá
seu rastro indica a sua solidão
como um deus que cria as lágrimas
para ser ele o corpo de um rio
porque tudo nasce e morre
também este deus fenecerá
pois têm deuses e homens
o mesmo sortilégio a mesma sorte
é-se estrangeiro no rigoroso
cumprimento deste tempo
de voluntário compulsivo
em que a máscara
é o que de nós damos
ao espelho que fazemos pulular
no tegumento do olhar alheio
mas a sílaba
essa permanecerá incólume
sobra-lhe a espera de ser música
no acordar de um poema