INCLINAM-SE OS VERDES

Cissa de Oliveira

“... azul

o céu da tua boca húmida

chegou a tempo de acordar

o júbilo que já silenciava...”

in: Ventos de Junho : José António Gonçalves

É o teu sopro o que amaina e alimenta

a sede.

É fino o cálice dos teus lábios

e encarnados os ventos de junho

que, para sempre,

te trazem.

Transfiguram-se todas as sementes:

digamos que se inclinam todos os verdes

que se inclinam à tua chegada,

até mesmo aqueles mais guardados.

É como uma nuvem de boas novas vestindo

o corpo das manhãs de domingo

e tatuando-se, límpida,

na alma.

Ninguém sabe em que tempo se dá

tal milagre. Sabe-se apenas que ergue, nos ventos

de junho, um altar.

No sacrário descansam,

sagradas como hóstias

as iluminuras das paginas

da bíblia por continuar.

Porque o teu sopro amaina

e alimenta

a sede.

Cissa de Oliveira

(22.05.05)

Poema no 3 da "Série JAG II"

Cissa de Oliveira
Enviado por Cissa de Oliveira em 15/06/2005
Código do texto: T24695