Vem, Palavra! Vem!
Vem insidiosa
E maliciosa,
Vem dizer
Que sou ninguém...
E vem sem nada,
Sem que eu queira
O que vem.
Sem que eu sinta
E nem saiba
De onde vem...
Com dedos atentos
Cisco os ventos,
E o nada dos tempos,
Os azuis imensos,
E os verdes intensos.
E quando vens
Distraí-me de tudo
E de ver-te chegar.
Com os dedos aflitos
Separo os gritos,
Cisco palavras e formas
Que repousam no ar...
Vem, Palavra! Vem!
Sepulto-te bem aqui
No branco do papel,
Mas nunca te mato,
No branco ainda ouço
O que tens de gritar,
Mas no branco gritas
Teu grito mais branco,
Mas gritas em silêncio...


(Poesia On Line, em 30/08/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 30/08/2010
Reeditado em 04/08/2021
Código do texto: T2468059
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