ERVAS SEM JARDIM

ERVAS SEM JARDIM

Às vezes penso em atear fogo

nas urtigas para que não brotem mais

entre as indefesas anêmonas da vida...

Mas quantas sementes não queimariam

na relva da esperança?... Quantas

à minha imagem e semelhança...

Já tive a infeliz oportunidade

de sepultar muitos amores...

Mas o amor não é instinto que se mate!

Então eu sepulto o meu próprio amor

num canteiro de ervas secas e baldias

das que morrem para sempre

e renascem todos os dias...

Como vivem as heras frágeis

entre as pedras que há em mim...

Pelo menos elas têm o sol da manhã

com o qual confortam suas vidas

sem jardim...

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 28/08/2010
Código do texto: T2465463
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.