Poema ao vento
Quis a vida amar me outra vez,
e eu sorri para ela, como quem deseja viver.
Pelas muitas vezes que eu me queixo com a pança cheia,
e não dou valor ao milagre da vida.
Quis abater-me, enfraqueci meu coração,
era só devaneio, e estupidez da minha parte.
Tenho aprendido, ao lado de mestres,
e não percebo que é raro o momento.
Quis apaixonar-me por todos que dizem que amam,
e no vale estava só chorando ao vento.
Palavras penetraram meu peito como a lança,
e eu já não sabia sobre a tal esperança, e a aliança?
Quis jogar, um jogo limpo,
mas quanto mais eu limpava a soleira da minha alma,
mais caía neve nos meus pés, nunca estive livre do peso.
Quanto mais eu arrumava, mais eu desarrumava o resto.
Quis esquivar-me do tempo,
mas não era o tempo que me dava dor nas costas,
mas era o seu alento meu alimento vão.
Descobri que sou cria, da cria alheia.
Sou fruto da minha imaginação,
esta será sempre a minha frustração,
não ser um fruto bom,
ter que colher migalhas de grão em grão.