O CANTO DO ABISMO

...E canta a Sereia.

Voz metalizada,

A melíflua fada

Circula na veia...

Canta, encanta e mata

O possível. Leva

Para a Luz na Treva

E o corpo arrebata.

O todo fragmenta.

O eu n’ outro se cola

E tudo vira uma bola.

O eu no ele fermenta...

A Sereia canta

Líquida canção,

Voz no coração

Que a todos imanta.

Morre o previsível

Pois Abismo chama,

E o homem se descama

Ante o incognoscível...

E tudo então vira

Cadáver sem osso,

Morte sem destroço.

O eu no Abismo gira

Morrendo e vivendo,

Entre um existir

E um grande porvir

No sendo e não sendo.

Daniel Tomaz Wachowicz
Enviado por Daniel Tomaz Wachowicz em 28/08/2010
Código do texto: T2465226
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