POR CAUSA DELA

Bebi, criei confusão,

Fiz coisas de fazer dó,

Virei mesas, quebrei copos,

Acabei com o forró

E alguém para me enfrentar

Eu não encontrei um só.

“Em pingo d’agua dei nó”,

A polícia me cercou,

Puxei a arma, atirei,

A mesma então recuou,

Não me entreguei, nem corri

E “soltinho” aqui estou.

Homem valente não sou,

Foi o efeito da “cana”,

Foi o desprezo cruel

Daquela pernambucana

Que me fizeram tomar

Atitude tão insana.

E nesta mesma semana

Eu, de novo, estou na praça,

Armado, causando medo

E bebendo mais cachaça,

Desejando algum insulto

Pra fazer uma desgraça.

Quanto mais o tempo passa

Cresce minha solidão.

Ela não quer me aceitar,

Nem de mim tem compaixão.

Eu parei para pensar,

Tomei esta decisão:

É melhor eu me aquietar,

Pois se assim continuar

Eu morrerei só, e em vão.

Hélio Leite
Enviado por Hélio Leite em 28/08/2010
Código do texto: T2465183
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