Chama
Chama
Gosto mais é do teu gosto
Gosto sempre, mais, demais!
Mais que os sais que vêm do rosto
Tais sinais do meu desgosto
Gotas de incontidos ais.
Se do pensamento sais,
Em que mais hei de pensar.
Se, ao pensar em ti, jamais
Lembro como e quanto trais
Quanto e como insisto amar!
Ah, teus lábios têm um gosto
E tua pele tal firmeza
Que a beleza do teu rosto
Do teu corpo assim exposto
Se harmoniza à natureza!
Se possível, com certeza
Te amaria mais ainda.
Feito à vela sobre a mesa
Me faria a chama acesa
Te ver cada vez mais linda?
A luz finda sem alarde
Quando a vela, derretida
Nos alerta, mas tão tarde
Quando a chama não mais arde
O quão é finita a vida!
(Djalma Silveira)