[Minha Devassidão: Do Subsolo da Alma]

[Dostoievskianices à luz do dia: se eu mesmo não me levo a sério...]

Reconheço... e mais: eu preciso que saibas

que tiveste parte [viva] em atos da minha devassidão;

tuas carnes atiçaram-me aquela mórbida atração

para o profano, jacente nos meus escuros porões!

Mas, ao depois, quando raiou o dia,

eu vi que estava irremediavelmente errado:

nem mesmo estás à altura de ser o objeto

de uma atração de tão complexa psicologia!

Mas não te envaideças pela tua efêmera atuação:

não és, certamente, a primeira mulher

“rascunho-do-mapa-do-inferno”

com quem amanheço abraçado,

depois de uma noite de terrível bebedeira!

Eu sei: essa minha devassidão ainda há de matar...

Mas por ora, só preciso apagar-te da mente —

por isto, te esquecer é uma terapia,

sim, uma terapia muito, muito necessária!

Sempre há uma devassidão de suceder àquela

que tanto me incomoda - assim tem sido a vida;

e nisto reside a certeza do meu esquecimento de ti!

[Penas do Desterro, 12h06 de 27 de agosto de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 27/08/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2462620
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