Tributo a Leley
ROTINA
A gente nasce em um breve minuto
e já no outro começa a morrer.
Basta olhar até onde pode viver.
Fuma e bebe, pragueja tossindo.
Curtindo a crença.
Tossindo a doença, nas doses,
nos tragos.
Nos olhos calados.
No semblante a bandeira do mal inalado.
Na ida.
Na volta.
Subindo, descendo.
É a razão de viver.
É continuar.
Dentro do peito a dor continua.
Lá fora.
o sol apagando a chuva na rua.
O homem querendo a erva que é sua.
Cada um com o seu Deus.
A erva com os seus.
O salário minguado.
Tem hora para tudo.
Para perder e para ganhar.
Tem hora para o riso.
Também para chorar.
Também tem hora para realizar.
A gente nasce em breve minuto.
E já no outro começa a morrer.