Procura-me


Procura-me, perdida nos teus olhos,
No momento em que a chama atinge o pico,
E verás que sorrio e não me entendes,
Porque tu nada sabes do infinito.
 
Vem a mim nos jardins e nos pomares;
Vê que exulto, entretida no trabalho,
E os meus ares dirão que estou feliz
—Poderás entrever restos de sonhos.
 
Se a caminho da praia tu me encontras,
Nos olhares perdidos bailam luzes;
—Sutilezas do mar enchendo os ares—
As verdades de ser fecham-se em conchas.
 
Ao entrares na casa sombreada,
No silêncio das tardes protegida,
Tenho um livro nas mãos, um mundo posto
E não podes decifrar este sorriso.
 

Procura-me, se chego da viagem
E despejo a bagagem pela cama,
Pois, se volto, a saudade me venceu
—Nada sabes dos mitos de quem ama.


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