Confissão de Um Adolescente

I

Velho dilema

que me confronta,

não sou mais criança,

não tenho a atenção

que me conforta.

Apesar de ainda ser,

nas atitudes irracionais,

na bagunça,

na zona

da sala de aula.

Já sou adulto

(ao menos no pensamento).

Quero escolher o melhor

sentido,

na direção de algo

perdido,

esquecido dentro de mim.

Mas por que utilizar-me

de vãs palavras bonitas,

já que tudo está uma merda?

Mas expressões chulas

não expressam

o que se quer dizer,

apesar de ainda ser.

Esta não é a voz

única, calada.

Mas dá voz

a muitas outras,

caladas.

Porque pensam

ser normais,

a tal ponto de a normalidade

estar presente

nos exageros e hipocrisia.

Os fantasmas sobrevoam,

o cerco está se fechando,

as pancadas atordoam.

O passado

está presente,

como se no futuro próximo

deixasse de existir.

Minha cabeça está doendo,

deve ser o boné

apertando meu cérebro.

II

Para que suar,

se ainda há demora

para a vela se apagar?

Quando estiver pela metade

se começa a planejar.

Célebre frase

(que não foi dita,

a não ser por mim)

de uns poucos muitos

afora,

sustentados

pela atenção e cuidados

exagerados

(ou a falta).

Quem cuidou de se descuidar.

Só quero zoar por aí

sem se preocupar

com o grito do relógio.

Sem se preocupar

com o limite imposto

não respeitado.

Popular para ser visto,

como um animal.

No movimento violento

que não pode ser previsto.

III

Críticas à parte

(pois não fujo a elas),

cada um no seu lugar,

na carteira da vida,

onde se deve estar.

O que seria de nós

se todos os rios

de um país

corressem para a mesma foz?

Se todos os jovens

de espírito

fossem à minha semelhança?

(Já velho e enfraquecido,

embora mais forte do que nunca

para mudar o leito de algum rio.)

Fica frio nessa.

O que for,

na essência

para ser alterado,

esse será.

(2009)

Diego L Macedo
Enviado por Diego L Macedo em 26/08/2010
Reeditado em 10/05/2020
Código do texto: T2461734
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