ANGÚSTIA
Turvas estão as águas
como as mágoas
que de turvas estão
no meu coração.
Como as brumas
na longa noite fria
banheira sem espumas
como musica sem melodia.
Sou tomado da escuridão
o medo do meu futuro
me perder da paixão
de tatear no escuro.
E o mar revolto, bravio,
as ondas ao meu redor,
no meio de um vazio
ainda maior.
Vida sem vida, sem morte,
insípido é o seu sabor
a fuga da minha sorte
para longe deste amor.
Meu coração, bate sem bater,
meus pensamentos
confusos, sem saber,
sem os meus momentos.
E nem vou conhecer a dimensão
que furtivamente amplia
me causando a sensação
do bem ou da minha agonia,
como o vício que consome,
e eu consumido pelo dia.
Sem perspectiva da luz,
somente a promessa
como numa eleição
que me arremessa
sem a menor compaixão.
E o que será deste coração
que agita latente?
Que deseja somente o bem,
que ele me deseje também!
Quero ver adiante a solução
o mar em sua quietude,
a bonança da criação.
Dissipem as nuvens já,
quero ver carneirinhos
aqui e acolá
percorrer os meus caminhos
como em pleno ar.
O céu seja o meu limite!
Me limite na sua dimensão
infinita paz que permite
eu pairar na sua vastidão.
Quero que seja o meu alimento
toda a dor que me atormenta
numa fração do pensamento
da angústia, do sofrimento.
(YEHORAM)