ANGÚSTIA

Turvas estão as águas

como as mágoas

que de turvas estão

no meu coração.

Como as brumas

na longa noite fria

banheira sem espumas

como musica sem melodia.

Sou tomado da escuridão

o medo do meu futuro

me perder da paixão

de tatear no escuro.

E o mar revolto, bravio,

as ondas ao meu redor,

no meio de um vazio

ainda maior.

Vida sem vida, sem morte,

insípido é o seu sabor

a fuga da minha sorte

para longe deste amor.

Meu coração, bate sem bater,

meus pensamentos

confusos, sem saber,

sem os meus momentos.

E nem vou conhecer a dimensão

que furtivamente amplia

me causando a sensação

do bem ou da minha agonia,

como o vício que consome,

e eu consumido pelo dia.

Sem perspectiva da luz,

somente a promessa

como numa eleição

que me arremessa

sem a menor compaixão.

E o que será deste coração

que agita latente?

Que deseja somente o bem,

que ele me deseje também!

Quero ver adiante a solução

o mar em sua quietude,

a bonança da criação.

Dissipem as nuvens já,

quero ver carneirinhos

aqui e acolá

percorrer os meus caminhos

como em pleno ar.

O céu seja o meu limite!

Me limite na sua dimensão

infinita paz que permite

eu pairar na sua vastidão.

Quero que seja o meu alimento

toda a dor que me atormenta

numa fração do pensamento

da angústia, do sofrimento.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 26/08/2010
Código do texto: T2461603
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