[As Minhas Águas]

[De Minas — de nascentes no Planalto Central do Brasil — vêm estas águas!]

O meu tempo: os murmúrios do meu rio!

De que matéria é a minha nave, afinal,

e de onde vêm estas águas que me viajam?

Ah, por que a sina de curtir estas fráguas!?

Meus olhos cansados anseiam por um sono,

quero viajar nas águas remansosas do sonho,

quero voltar ao meu quintal mágico

onde principiei a inventar meu mundo,

e de novo sentir em meus dedos a suavidade

da mecha da loirice da primeira namorada;

quero voltar ao jardim onde brotou

o viço esplendoroso da minha alegria juvenil!

Quero rever no brilho rutilante das jabuticabas

a minha inocência quebrada pela lúbrica visão

que eu roubei pela fresta de um portão entreaberto:

o triângulo escuro daquela linda mulher

que, naquela tarde calorenta do Planalto Central,

banhava-se no quintal da Casa das Mulheres-da-Vida;

qual vida, a delas, a minha, a de todos?! A minha perdeu-se...

Ah, estas penas — a minha nave viaja nestas águas!

[... E segue o murmurante rio que me leva,

corre célere para desaguar no Rio Estige]

[Penas do Desterro, 24 de abril de 1999]

[Poema extraído do meu Caderno 1]

[Penas do Desterro, 24 de abril de 1999]

[... excerto do meu Caderno 1]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 26/08/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2461552
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