Ordem das lembranças

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Correm de mim rios de lágrimas

Que não chorei porque calei.

Lágrimas que não me querem, porque sarei.

Fria, dura, madura?

Sem estrutura, sem estatura?

Frágil e forte,

Velha e nova,

Aberta...

E secretamente sem resposta para o que der e vier...

Profusão de flores brancas fazem de mim

Profissão de cadeados para portas e portões

Que todos os dias tranco e destranco!...

Fofo é um algodoal em flor, branco!...

Firo minha mão no cravo sacro da paixão.

Sangro e saro.

Verde e chinês, se não falar em arrozal,

Estarei desobedecendo à ordem das lembranças...

Sob chapéus, há mulheres de saias longas presas em suas mãos,

Nos alagados bem plantados onde colhem os grãos...

Algumas delas não poderiam estar tomando essa friagem,

Mas são obrigadas...

O perigo mora onde Deus não está.

A carnificina da segunda guerra nos ensina o quê?

Era perto dos que sofriam que Deus estava mais próximo!

Já me arrisquei em situações limite,

Mas nunca risquei o nome de Deus no livro de minha vida.

Como macaco que pula de galho em galho,

Eu pulo de dia em dia,

Cada salto é um exercício de vitória!

Credite-se:

Mesmo que eu não acreditasse me Deus...

Deus acredita em mim.

Amanhece o dia, gorjeio de pássaros,

O Anjo Gabriel anuncia a Maria!...

O mês seguinte é o mesmo que será o mês passado.

A vida forma exércitos de bravos

E destitui os covardes.

O prêmio é para os que merecem.

Trigais maduros encantam-me!

São belos, artísticos, generosos,

Pedagógicos, dourados,

Prontos para a ceifa!

Oferecem-se para serem consumidos ou replantados.

Os trigais são hortas de pão.

Plantações de oliveiras são hortos de Deus!!!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 26/08/2010
Código do texto: T2460448