Prece astral
Prece astral
Sandra Ravanini
Equilibrar-me, trair a queda obscura,
a negridão estagnada que esparrama
o breu na taça da vida; essa derrama
embriagadora e alagada de ternura.
Vai, harmonia de mim, desce nessa queda
e clareia os andaimes rijos desse autismo,
livra-me de outro outrora, esgota os egoísmos
e os silêncios que me fazem ser de pedra.
Equilibrar-me, derrotar a face e o aço
do reflexo, esvaziar o medo do eu confesso,
e sabe-se lá, escoar na água onde professo
a poeira da estrela orvalhando os espaços.
Vai, alquimia de mim, concede a taça e o elixir,
retraindo a escuridão que agora derrama
a desesperança, clareia o breu que me acama,
escoando a ternura e a vontade de partir.
21/01/2009