Ansiado Suplício
Todas as vezes que eu amei
Muito penei, em constante e completo tormento...
Mas, das dores de amar, masoquista me tornei:
E já acho bom ter esse sofrimento!..
Todas as vezes que eu amei
Adoeci de emoção e de angústia imensa,
E, febril, noites insones eu varei!...
Mas quero ter sempre essa doença!
Todas as vezes que eu amei
Vivi desassossegos e me disritmou o coração,
E a minha impaciência em versos derramei...
Mas preciso muito dessa inquietação!...
Todas as vezes que eu amei
Fiquei alucinado de paixão, quase demência pura,
E nas brasas do ciúme e da dúvida me queimei...
Mas é bom ser louco dessa loucura!...
Todas as vezes que eu amei
Fiquei parvo. Cantei no chuveiro e fiz solenemente
Mil juras de amor e tolices que mais não sei...
Mas disso quero ser bobo constantemente!...
Todas as vezes que eu amei
Fui sério e fui ridículo, um suplício....
Mas isso de novo de bom grado viverei
Pois o amor é ainda o meu maior vício!...
Todas as vezes que amei
Fiz serenatas e cantei para encantadas estrelas
Que no meu céu encantado eu vislumbrei...
E se não amar, nunca mais poderei vê-las!...
E em todas as vezes que amarei na minha vida
Serei isso e muito mais! E não será desdouro,
Passar por essa doce aflição tantas vezes repetida...
Pois o amor... O amor é a minha prisão de ouro!...
Antonio Maria / São Luís – Maranhão, 2006