Me ame

Não quero ser conquistada como se conquista uma única mulher

Quero ser amada na multiplicidade do amor.

Não quero que diga eu te amo numa multidão

Quero ouvi ao pé do ouvido, no silêncio de nosso quarto numa noite entre trovões.

Quero ser amada como o beija flor ama suas flores na sua essência na sua excentricidade

Me ame como um poeta frustrado

Sem versos, sem rimas

Me ame como um versículo sem linha sem pontos finais.

Me ame nas retincências

Não com um mulher do dia-a-dia como uma amante da madrugada, num toque, num gesto de ternura...

Quero ser amada!

Não ser vista sempre como uma deusa, se não sou!

Me ame como uma camponesa, uma simplista mulher.

Se de tudo isso você não souber me ame mesmo assim na ignorância do amor, na certeza da amizade na confiabilidade do respeito e da cumplicidade.

Me ame numa sonata, numa nênia, numa valsa

De mansinho sem pressa.

Me ame com arroubo

Me ame do seu jeito

Que também vou te amar.

Mas não me ame com palavras

Me ame num olhar

Sem exigências, sem prisão

Me ame nas ilusões, numa canção

Num belo traje

Nas imperfeições da criação

Não quero ser amada para sempre

Me venere no cotidiano

Me ame na realidade

Na enigmática verdade eu o amo.

Se um dia você sentir que já não me ama mais

Me ame no afastamento

Nas doces lembranças

Mas não, não me ame no esquecimento.

Luk Ramos
Enviado por Luk Ramos em 25/08/2010
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