Me ame
Não quero ser conquistada como se conquista uma única mulher
Quero ser amada na multiplicidade do amor.
Não quero que diga eu te amo numa multidão
Quero ouvi ao pé do ouvido, no silêncio de nosso quarto numa noite entre trovões.
Quero ser amada como o beija flor ama suas flores na sua essência na sua excentricidade
Me ame como um poeta frustrado
Sem versos, sem rimas
Me ame como um versículo sem linha sem pontos finais.
Me ame nas retincências
Não com um mulher do dia-a-dia como uma amante da madrugada, num toque, num gesto de ternura...
Quero ser amada!
Não ser vista sempre como uma deusa, se não sou!
Me ame como uma camponesa, uma simplista mulher.
Se de tudo isso você não souber me ame mesmo assim na ignorância do amor, na certeza da amizade na confiabilidade do respeito e da cumplicidade.
Me ame numa sonata, numa nênia, numa valsa
De mansinho sem pressa.
Me ame com arroubo
Me ame do seu jeito
Que também vou te amar.
Mas não me ame com palavras
Me ame num olhar
Sem exigências, sem prisão
Me ame nas ilusões, numa canção
Num belo traje
Nas imperfeições da criação
Não quero ser amada para sempre
Me venere no cotidiano
Me ame na realidade
Na enigmática verdade eu o amo.
Se um dia você sentir que já não me ama mais
Me ame no afastamento
Nas doces lembranças
Mas não, não me ame no esquecimento.