Caótica chancela
Não sou só uma poetisa
Uma mulher de frases de rimas
Não sou feita de poesia
Nem composta de inspirações
Sou simplesmente eu
Outro sonhador que sofre
Embevecido de ilusões.
Não sou uma cantora
Uma voz com afinação
Sou um mudo que grita
Cigarra que canta
Cânticos de saudades,
Melodia e maldição.
Não sou um livro aberto
Não sou água cristalina
Sou um olhar secreto
Um mormaço, uma neblina
Também não sou um livro fechado
Não guardo estórias nem mistérios
Não ando sobre telhados
Nem sobre água parada
Sou uma página rasgada
Em cima da escrivaninha
Sou aurora boreal
Sou madrugada escura
Um sobrevivente e um nau.
Não sou um soturno solitário
Um trovador de cantigas
Sou a corda desafinada
Uma tinta que rabisca
Sou chuva fina
Calmaria e solidão
Posso ser o grande amor de alguém
Um relâmpago um trovão
Às vezes sou carinho
Uma ternura, uma contradição.
Não sou uma heroína
Uma gladiadora medieval
Sou a vitima que chorava
Era o medo e o vendaval
Sou a porta sem fechadura
Um vaga-lume abandonado
Uma pantera e uma formiga
Sou uma brisa e um dilúvio
Uma rainha, uma plebéia.
Um mago sem feitiçaria.
Minha alma é magricela
Sou simplesmente eu
Minha caótica chancela.