Caótica chancela

Não sou só uma poetisa

Uma mulher de frases de rimas

Não sou feita de poesia

Nem composta de inspirações

Sou simplesmente eu

Outro sonhador que sofre

Embevecido de ilusões.

Não sou uma cantora

Uma voz com afinação

Sou um mudo que grita

Cigarra que canta

Cânticos de saudades,

Melodia e maldição.

Não sou um livro aberto

Não sou água cristalina

Sou um olhar secreto

Um mormaço, uma neblina

Também não sou um livro fechado

Não guardo estórias nem mistérios

Não ando sobre telhados

Nem sobre água parada

Sou uma página rasgada

Em cima da escrivaninha

Sou aurora boreal

Sou madrugada escura

Um sobrevivente e um nau.

Não sou um soturno solitário

Um trovador de cantigas

Sou a corda desafinada

Uma tinta que rabisca

Sou chuva fina

Calmaria e solidão

Posso ser o grande amor de alguém

Um relâmpago um trovão

Às vezes sou carinho

Uma ternura, uma contradição.

Não sou uma heroína

Uma gladiadora medieval

Sou a vitima que chorava

Era o medo e o vendaval

Sou a porta sem fechadura

Um vaga-lume abandonado

Uma pantera e uma formiga

Sou uma brisa e um dilúvio

Uma rainha, uma plebéia.

Um mago sem feitiçaria.

Minha alma é magricela

Sou simplesmente eu

Minha caótica chancela.

Luk Ramos
Enviado por Luk Ramos em 25/08/2010
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