[Que o meu Corpo...]

... encontre paz, se puder!

Não é vingança tola não

- a tanto eu não chego,

quem sou eu, afinal,

para vingar-me... do meu corpo?!

Estúrdia cogitação!

Mas o caso é que,

para meu desgosto,

o meu corpo está judiando de mim,

e até parece que faz vésperas

de me abandonar — pode?!

Admito que eu o tenho maltratado,

extravagâncias, parcas horas de sono,

sede... até sede ele tem passado!

E isto, para não falar em amor, sexo...

Ah, que judiação ele tem passado!

Vai ver é por isto que ando

com sensação de esvaimento,

de trem sem rumo saindo da Estação...

Estação? Pode ser parte do problema,

tenho estado demais, demais...

O movimento é que é a vida do corpo!

Como nunca estou certo do que digo,

pois o pensamente é errático mesmo,

paro aqui... e só fico mesmo

torcendo por mim... que eu dê

ao corpo o que ele pede, implora até:

madrugada afora, o amor, os cheiros bons,

excitantes almíscares sutis... vinho bom...

e depois de tudo, na manhã clara, entrelace de mãos

cheias de amor, sobre a toalha branca

daquela mesa de café, posta na varanda...

Ah, corpo, não parta de mim,

não parta, corpo — que eu me emendo, viu?

[Penas do Desterro, madrugada de 25 de agosto 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 25/08/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2457890
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