Pois é: vou à casa de Neruda...
  Respirarei o mesmo ar que ele respirou.
  Pois é: vou à casa de Neruda...
 Mas, pra tamanha ousadia, quem sou?
 Macular seu rastro traçado na terra.
 Pois é: vai chegar a hora que sentirei meu coração,
 Explodir no peito, tamanha a emoção,
 De partilhar com o poeta maior, seu chão, sua terra.
 Como me sentirei, como resistirei a tamanha emoção?
 Será que a noite estará estrelada?
 Sera´que a paixão dele me contaminará?
 Será que me debulharei em lágrimas?
 Será que lá irei ficar?
 Será que os versos dele resistiram ao tempo,
 Talhados, forjados. Onde os encontrar?
 Escutarei vozes falando seus poemas,
 Declamando suas dores de amores?
Quem sabe uma chuva fina caia sobre mim,
E lave meu rosto embriagado de poesia.
Pois é: vou à casa de Neruda.