O que se faz passar por Deus

Todo homem;

toda mulher; tem

uma tendência para o bem;

uma vacância para o mal.

Uma lacuna para a orgia;

um sacerdócio para o altar.

É disso que se arma o demônio para fazer

do nosso pobre coração um promotor

que acuse intrépido ao Criador.

De tudo o que nos vem de mal

do além da conta e de todo o sofrimento

deposto da razão,

acusamos sem defesa,

Àquele que não é se não amor.

A luz, porém, ilumina.

Incendeia a vida, a esperança,

o ser criança, o renascer.

A verdade é o bem

que nada tem de obscuro,

de escondido atrás do muro,

de maldade disfarçada numa flor.

Por herança, tem o filho

qual seja o dote, vale menos que um vintém.

O bem maior, porém, é aquele bem

que usina a gusa, produz milhares;

qual sementeira e seus milagres,

no dia, na noite, no amanhecer.

Do enviado, amado de Deus,

escola dos homens,

não sai virtude ao toque

se aquele que toca não crê que Ele é.

As tristezas, as dores, pesares e mágoas

insupotavelmente sustentadas,

os suores sem prosperidade,

não haverão de desvanecer-se ao lamento

se quem os tem, os atribuem a Deus.

Tomar a cruz é persistir no amor.

É resistir aos pesares, é pedir perdão.

Ela não vem de Deus; vem antes,

daquele que se faz passar por Ele.

Viesse Dele, por que daria Seu filho unigênito

para carregar aquela que pesava a dor

de toda a humanidade?

Fosse Ele o causador

de um coração despedaçado,

por que inspiraria o próprio, durante o sono,

fazendo-o amanhecer tão cheio de esperança?

Rossan
Enviado por Rossan em 23/08/2010
Reeditado em 22/06/2012
Código do texto: T2455616