Poesia de um homem que amava a família
Ah! Como fazia poesia
Todo santo dia, o meu avô
Saia bem antes de o sol raiar
Deixando em cada anjo um beijo seu
Levava na algibeira
Algumas mágoas, um poema
Uns sorrisos ridos a noite.
No bornal a tiracolo
Chacoalhava a moringa cheia de lágrimas
No caldeirão com feijão e rosas
Comia esperança às nove horas.
Amiúde ardia sob o sol
Até o fim do dia sem parar
Quando o cansaço clamava pausa
Olhava para o céu e gotejava.
Docemente aguava a terra
Que agradecida germinava
Uma tulipa ao seu suor.
E à noitinha à luz da lua
Chegava a casa, juntava os anjos
Beijava todos, contava um causo
Deitava cedo e amava Ana.