OS DIÁRIOS

Nos bocados de ecos cantos

Os deuses nunca aparecem

Cercados de gente e ares

Malabares que caem velozes

No antes o poder da saudade

No depois o terror da espera

Capela de rezas incessantes

Pudera eu ter alfazemas

Agora é tudo que há agora

Outrora já fora o que pudera

Quem me dera eu ter outra fera

Que me morda e fira na cabeça

Cá outro instante claro

De uma vida e outras passam

Declaro meu próprio clamor

Sem ódio com sorriso magro

Minúcias dos passos diários

Que seguem e vão pra cama

Segredos só em seu retrato

Lameiro me deito a noite crua

Mergulho num copo de algo doce

Acalmo meu corpo sem purpurinas

Nunca mais me lembro de outros dias

Se dias mais lindos que se quisera

Não temo o ódio nem o amor

Cativo meus erros com muita espera.

Leco Ferreira
Enviado por Leco Ferreira em 23/08/2010
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