OS DIÁRIOS
Nos bocados de ecos cantos
Os deuses nunca aparecem
Cercados de gente e ares
Malabares que caem velozes
No antes o poder da saudade
No depois o terror da espera
Capela de rezas incessantes
Pudera eu ter alfazemas
Agora é tudo que há agora
Outrora já fora o que pudera
Quem me dera eu ter outra fera
Que me morda e fira na cabeça
Cá outro instante claro
De uma vida e outras passam
Declaro meu próprio clamor
Sem ódio com sorriso magro
Minúcias dos passos diários
Que seguem e vão pra cama
Segredos só em seu retrato
Lameiro me deito a noite crua
Mergulho num copo de algo doce
Acalmo meu corpo sem purpurinas
Nunca mais me lembro de outros dias
Se dias mais lindos que se quisera
Não temo o ódio nem o amor
Cativo meus erros com muita espera.