Transparência

Quis eu

Deitar no colo do tempo

E agasalhar no ninho da inocência

Todos os sonhos imaginados

Quis ser a mão que levanta

Para tocar faces

No silêncio que consola

Na paz que se remexe para por em ordem

Acontecimentos que se instalam

Quis eu

Mudar os rumos da civilização

Para tornar-me porto, - lugar seguro

Negar as evidências de que o progresso

Ensina, mas assola

Que a crua destinação das ruas

É ponte, vacina, escola...

Quis eu marcar pontos com Deus

Enveredando para os ensinos que conciliam

Ilusão! Cada um é dono do próprio destino

Não há um Deus que castiga ou premia

O que há são possibilidades

Lugar comum, escolhas frias

Quis eu ser o dom

Que a cada um se mostra um pouco

Em tempo determinado

Mas, vento sou, que varre a vida de todos

Sem nenhum significado.

Irami Gonçalves Fernandes Martins