IN TENSÃO
IN TENSÃO
Rosália Cristina
Tu és meu inferno
incessante obstinação da carne,
salienta meus gemidos
inflama e coage.
Insensato olhar que despe
sorrateiramente a minha pele
e me perde em tuas ruínas férvidas.
És meu inferno inquietante!
Sou cá, moldura talhada
pelos teus brios voluntários,
em chama ardente sou sangue
vermelho-fogo no teu calor escaldante
distorcida visão pulsante,
és meu inferno!
Guardado em lacre,
fazendo terno.
Leva-me, pois, nos teu vãos
sem roteiro, tensos, caudalosos,
me toma o peito invólucro,
és cume do meu jorro insólito!
És meu inferno, infame!