ABANDONO


Amor, aqui estou
Nesta câmara ardente...
Torturada, presa,
Aos grilhões que o amor
Colocou à minha frente.

À minha volta,
A vida passeia
Rindo-se de mim...
Os anos passam
E enfeitam os meus olhos
De luzes, das esperanças
Que não vêm.

E aqui onde estou,
Nesta casa vazia,
De cama também vazia
E lençóis espalhados,
Guardando o peso
Do travesseiro vazio...
Sinto a dor cruel
Deste abandono.

Ah!... Ontem eu te vi
E viajei no teu olhar...
E me perdi!
Cativa, mergulhei
Na lembrança
Da doçura do teu mel
E de novo te amei!

Iraí Verdan
Magé, 20 de agosto de 2010.