Sou

somos mesmo filhos

do absurdo, irmaos da ausencia

somos todos e não fomos ninguém

e quanto a mim aindo permaneço

e depois me afogam no entardecer

permaneço inconstante e improvavel

passo e ao passar permaneço

impermeavel enquanto chove

partes do meu eu azul

sou filho do violão desafinado

irmao do vento

que leva tudo sem nada levantar

sou o verão da ausência

e sobre a relva fui cuidado

sou sobrinho da fuligem

e as vezes me dizem que eu fujo

a falta de algo que me faça falta

mesmo pobre

é minha herança

sou aquele que voce viu

e ao ver esqueçeu

você me recorda

que eu nunca fui o que eu quis ser

e assim sendo fui outra coisa

ainda mais bela no não-ser

não fui de carne

nem da ausencia ja citada

fui de melodia liquida

e da poesia inabitada

e ainda insisti em dizer o que eu sou

é o que eu não sou que te agrada

eu era o novo e antes o velho e antes ainda um bebê

e agora que eu me encontro faço parte do tudo

mesmo não sendo nada

e saber que amanhece

minha mãe

e depois dela ainda ela

que é para criar

algo que eu ainda não era

somos mesmos todos

crianças atônitas

somos isso ao menos eu

nunca fui de ser matéria atômica

sou o que fui

sou o vir a ser....

AbnerSohel
Enviado por AbnerSohel em 20/08/2010
Código do texto: T2449593
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