O FINÓDIO

No meio há o que não acabou

Lógico como o sempre

Nunca mais encontra o nunca

No meio que já começou

Imenso é o que digo

Na mira do acaso que

Na casa da minha mira,

Mora.

Na varanda do meu ego,

Descansa.

Na grama do meu amor,

Levanta.

No meio não há nada

Se já começou assim

As palavras vêem como um navio

Como o barulho da borboleta

Que na porta o jardim o fita

A lira da passagem opaca

Tomara que não acabe

No meio do piano velho, sem calda

A lata cheia de medos, sem erros

Mas com piadas, com alguma graça

Sem mais idéias, pirata

O cheiro do tempo é bom

A cor do cheiro é cinza

O tom das coisas não

Perturba, nem as curvas

Da coberta esconde o descaso

A falta do amor que faz falta

E faz falta porque faz falta

Porque falta, porque falta

Sem fralda me vou saindo

Aos poucos, sem colírio

Fitando os meus cílios

Procuro quem procura

Já me curo de você sisuda

Maluca de seriedade

Juíza sem caridade

Madona da minha laje

Mesmo que fujas no meio do caminho, milagre

De volta a varanda do meu ego

Sem o prego que me velou

O amor que ardo no peito alheio

No maço de poeira que permeia

Na malandragem de ser o que se é

Nas novas manias de amor

Mesmo não sendo mais ele

Que o sempre cativou

Não notou quem não viu

Quem pariu a solidão

Quem feriu a distração

De querer sem ter fusão

De agora em diante é assim

Sem recreio ou rateio

Como se tudo fosse concreto

Ao ponto de desenhar sem emoção

Não fui mais cansado, mas desnudo

Confuso mas eu, mais real, tudo

Sem odor de frescuras,

Com a dor da tortura

Que é amar no meio,

de um vazio sem cura.

Leco Ferreira
Enviado por Leco Ferreira em 20/08/2010
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