O FINÓDIO
No meio há o que não acabou
Lógico como o sempre
Nunca mais encontra o nunca
No meio que já começou
Imenso é o que digo
Na mira do acaso que
Na casa da minha mira,
Mora.
Na varanda do meu ego,
Descansa.
Na grama do meu amor,
Levanta.
No meio não há nada
Se já começou assim
As palavras vêem como um navio
Como o barulho da borboleta
Que na porta o jardim o fita
A lira da passagem opaca
Tomara que não acabe
No meio do piano velho, sem calda
A lata cheia de medos, sem erros
Mas com piadas, com alguma graça
Sem mais idéias, pirata
O cheiro do tempo é bom
A cor do cheiro é cinza
O tom das coisas não
Perturba, nem as curvas
Da coberta esconde o descaso
A falta do amor que faz falta
E faz falta porque faz falta
Porque falta, porque falta
Sem fralda me vou saindo
Aos poucos, sem colírio
Fitando os meus cílios
Procuro quem procura
Já me curo de você sisuda
Maluca de seriedade
Juíza sem caridade
Madona da minha laje
Mesmo que fujas no meio do caminho, milagre
De volta a varanda do meu ego
Sem o prego que me velou
O amor que ardo no peito alheio
No maço de poeira que permeia
Na malandragem de ser o que se é
Nas novas manias de amor
Mesmo não sendo mais ele
Que o sempre cativou
Não notou quem não viu
Quem pariu a solidão
Quem feriu a distração
De querer sem ter fusão
De agora em diante é assim
Sem recreio ou rateio
Como se tudo fosse concreto
Ao ponto de desenhar sem emoção
Não fui mais cansado, mas desnudo
Confuso mas eu, mais real, tudo
Sem odor de frescuras,
Com a dor da tortura
Que é amar no meio,
de um vazio sem cura.