Cegueira
As horas correm,
Os dias morrem,
Os meses vêm e vão.
Eu vejo então
Que mais um ano se foi,
Também logo depois,
O seu sucessor.
Será que atento
A esse pequeno tempo
Que passa, eu estou?
Pois sei que vou
Por uma estrada que insiste
Em mostrar o belo e o triste,
Mas pouco vejo.
No meu jardim
A roseira cresceu;
Até floresceu
E eu não vi.
Que a ave botou,
A ninhada chocou
E os filhotes voaram.
Que também lá fora
O vendaval devora
O que resta de puro...
E o homem inseguro,
Debate-se em vão.
Ninguém faz nada
Nessa geração violentada.
Nem você, nem eu!...
Águeda Mendes da Silva