Transpiração

Na tessitura destes versos,

nas entrelinhas desta trama

sozinho um poeta declama

o seu tempo singular!!!

A sina de reencarnar neste planeta

à tempo de presenciar

a grande transformação!!!

À tempo de testemunhar

a queda dos muros,

a elevação dos mares,

os tremores de terra,

os rumores de guerra,

à tempo de ver caírem os últimos véus

que obscureciam

a límpida visão do paraíso!

No dia do Juízo

não temos onde nos esconder,

não temos como não ver

o abominável da desolação!!!

Em tempo real

vemos o homem perdido

em suas próprias maquinações,

em seus inventos e perversões

à semear a destruição!

E um poeta não tem o que contemplar

senão a hecatombe cotidiana,

o horror e a ignorância

desta prolongada infância,

desta insipiência espiritual!

O Armagedom,

a batalha entre o bem e o mal,

a Revelação

de nossos segredos mais escondidos,

transmitidos ao vivo e à cores

na tela fria dos televisores!

Então nesta hora sombria...

quem entende poesia?

Quem não congelou seu coração?

Somente quem descobriu à tempo

o seu tesouro oculto,

o Reino Interior,

onde o céu é sempre azul,

onde tudo é alegria,

onde mesmo caminhando entre escombros,

mesmo solitário entre estranhos...

transpira-se poesia!!!